domingo, 26 de maio de 2013

As sombras das bibliotecas

Fruto dos anos de trabalho na Biblioteca de Grândola ganhei este vício mesquinho de entrar em tudo o que é biblioteca e deixar-me navegar de forma mais ou menos livre por entre prateleiras repletas de livros. Gosto do cheiro a pó, de ver as capas mais ou menos encarquilhadas revelando o êxito junto dos mais diversos leitores ou o descuido dos mesmos. Gosto de me perder. De me encontrar nas cotas ou quando encontro um nome conhecido.
Foi, pois, com clara expectativa que ontem me abalancei para visita à Biblioteca Central desta Hamburgo chuvosa que me acolhe as ossadas.
Que dizer?
Enorme, claro está.
Sistemas computorizados de requisição de livros. Número quase infinito de requisições.
Discoteca impressionante.
Pautas.
Dois pisos intermináveis inteiramente dedicados à ficção.
Secção bastante considerável de livros nos mais diversos idiomas.
Como se está mesmo a ver, lá me senti eu tentado a ir espreitar as lusas coisas.
Depois de ter lido o conto "Um Monte de Livros no Chão" da Filomena Marona Beja fiquei com um bichinho maroto de ler Saramago. Ou Eça. Ou Camilo. Ou Torga. Ou Cardoso Pires. Perfeito, não?
Os meus olhos começam então a debruçar-se sobre as prateleiras:
Saramago, Mia, Agualusa, Eça, Camilo, Lobo Antunes, Rubem Fonseca e as Cinquenta Sombras de Grey.
Pegando num Saramago e num Mia fugi dali com o coração a bater forte julgando ter tido uma alucinação. Não ousando olhar novamente, parti rumo à parte hispânica a fim de matar mais um pouco desta minha curiosidade.
Manuel Rivas, García Márquez, Galeano, Jaume Cabré, Cela e Cincuenta Sombras de Grey.
Pelo caminho reparei que também havia exemplares em russo e sueco.
Pegando num livro de contos corri dali para fora. Requisitei ainda um livro de alemão pelo caminho e refugiei-me em casa onde, confesso, já tive até pesadelos em que estava a ler as Cinquenta Sombras de Grey de avental à cintura.
Afogo-me então entre Saramago e Indirekte Fragesatz numa verdadeira terapia ao meu subconsciente.
Espero melhoras em breve.


PS- Segundo consegui apurar,

1 comentário:

  1. Ainda não tinha percebido que as 50 são um título universal? Que pertence a todas as literaturas do mundo? eheheheheh Beijinhos de uma colega amante do cheiro a pó...

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